quarta-feira, 20 de junho de 2012

Insalubre

"Chega! Prometo que de hoje em diante, empreenderei todas as minhas forças nas fraquezas humanas. Serei uma péssima referência para os jovens, velhos, cães e o que mais tiver ao meu alcance.

O que depender de mim, influenciarei da pior maneira possível, em qualquer ocasião. Semearei o pessimismo, a intolerância, a hipocrisia, o desalento, a mesquinhez, o sarcasmo e o menosprezo.

Serei absurdamente atrevido em público, praticante ardoroso do politicamente incorreto e antiecológico até o osso! Distribuirei, sempre que possível, injúrias e chutes nas canelas.

Não deixarei escapulir a mísera oportunidade para corromper, denegrir e esfacelar a cultura, o senso de justiça, os ideais, a moral, a beleza e a candura alheia. Que assim seja!"

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Qasida (Siba)

lembro bem do momento em que parti 
só não sei quantas vezes retornei
como sempre, na hora em que cheguei 
me dei conta que errei voltando aqui
as ruínas da casa estão aí
só paredes em pé, não tem telhado
falta porta, está tudo escancarado
mas o ar não se mexe pra passar
já vi tudo, só falta acreditar
que o portão do retorno está trancado


não adianta tirar de onde não tem
nem tentar encaixar onde não cabe
sem saber alguém tenta, e quando sabe
já não dá nem um passo mais além
pois de trás para frente nada vem
o que foi já não é e nem será
e da frente pra trás, ninguém irá
desfazer o que fez, certo ou errado
vou deixar este canto abandonado
para sempre do jeito como está


me esparramo ao relento, o chão é torto
canta um grilo Escondido e mais ninguém
vou dormir neste abrigo que só tem
sede, fome, sujeira, desconforto
pra sonhar que acordei de um sonho morto
no quintal de uma casa onde eu podia
não correr contra o tempo enquanto via
teu sorriso indo e vindo num balanço
sem voltar pra você eu não descanso
minha casa é você e eu já sabia



A Servidão Moderna


À medida que a opressão se estende por todos os setores da vida, a revolta toma aspecto de uma guerra social. Os motins renascem e anunciam a futura revolução.

A destruição da sociedade mercantil totalitária não é um caso de opinião. É uma necessidade absoluta num mundo que já está condenado. Pois o poder está em todos os lados, deve ser por todas as partes e todo o tempo que devemos combatê-lo.

A reinvenção da linguagem, o transtorno permanente da vida cotidiana, a desobediência e a resistência são as palavras mágicas contra a ordem estabelecida. Mas para que dessa revolta surja uma revolução, é preciso reunir as subjetividades em uma frente comum.

É na unidade de todas as forças revolucionárias que devemos trabalhar. Isso só se pode conseguir quando temos consciência dos nossos fracassos do passado: nem o reformismo estéril, nem a burocracia totalitária não podem ser uma solução para nossa insatisfação. Trata-se de inventar novas formas de organização e de luta.

A auto gestão nas empresas e a democracia direta na escala comunal constituem as bases dessa nova organização que deve ser anti-hierárquica tanto na forma quanto no conteúdo. O poder não é pra ser conquistado é pra ser destruído!