"O
ruído vem de longe e quase não se escuta.
Passa
no ar ou ruge dentro de nossos ouvidos?
Vem
do centro da terra ou do terror das consciências?
São
crianças chorando com medo da vida?
Soluços
de mães que ignoram as causas?
Gritos
alucinados de homens caídos sob as
rodas do carro
terrível?
São
os últimos brados das pátrias esfaceladas,
Os
uivos do vento nas bandeiras das nações vencidas,
Ou
no ventre do caos os vagidos do mundo futuro?
Cala
poesia,
A
dor dos homens não se pode exprimir em nenhuma língua.
Talvez
a exprimisse o ai da cabeça separada do corpo que rola ensanguentada,
Talvez
a escrevesse a mão hirta que no último
gesto de horror largou a espada,
Talvez
a dissesse o grito sufocado, o pranto que
salta, o suor
frio, o olhar esbugalhado...
Ante
o ricto dos mortos compreendo que a dor não se exprime
Em
língua nenhuma e ainda que os homens
falassem todos uma só língua."
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